Esse último fim de semana, dei-me um privilégio: dispensei a civilização e fui me ter com os discos do Lô Borges e umas cervejas solitárias. Lá para o meio da audição, um soluço subiu-me a garganta: não importa quantas vezes eu escute a turma do Clube da Esquina, sempre me emociono. O Lô, particularmente, eu aprendi a escutar em casa, na vitrola de papai. Eu, menino, sem nem saber o porquê, estranhava o pai, escutando-o, reflexivo, calado, no meio da sala.
Com a idade, dei-me conta que, hoje, eu escuto-o na mesma posição de papai há década e meia: sentando no meio da sala, pernas cruzadas, cerveja na mão, pensamento longe, lágrima deslizando pela face. O Lô é para os que trazem a melancolia na alma; é para os que não conseguem esconder a tristeza das entranhas e nem a querem esconder.
É incrível, mas, 15 anos depois, vejo-me como meu pai, na mesma posição, bebendo a mesma cerveja e o sentimento de quem jamais se esquecerá de olhar para trás ao primeiro passo.
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