sábado, 11 de outubro de 2008

Notas melancólicas - parte 21


O mundo passa por mim cada vez mais rápido e parece-me que nada, absolutamente nada, merecerá alguma lembrança no futuro longínquo. Os seres deste mundo nos chegam, cheios de som e fúria, e quando nos deixamos seduzir pela promessa de brilho infinito, eles partem tão silenciosos quanto chegaram. A única perspectiva que prevalecerá através do tempo é a do sofrimento. A perspectiva do sofrimento nos aterroriza, pois sabemos, intrinsecamente, que ela é a única probabilidade certa em nossas vidas, mesmos as mais barulhentas e furiosas.

Enquanto produzimos sons e fúrias, nossas carnes tornam-se putrefatas. Daqui a pouco tempo, mortos, nossos sons e fúrias serão homenageados com o abjeto esquecimento enquanto novos seres chegam trazendo-nos mais fúria e sons para serem, novamente, esquecidos logo em seguida.

Glória, opiniões, palavras. Tudo inútil. Tudo desprezível. Nosso desígnio é o mais banal possível; acabamos todos em uma grande cova rasa, a cova do esquecimento.

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