segunda-feira, 12 de maio de 2008

Do (desnecessário) alarde


Em uma época tão barulhenta como a nossa, busco o silêncio. Aliás, o meu silêncio é motivo de espanto para o vizinho, que veio interrogar-me, no elevador, se eu havia saído da cidade durante o fim de semana. Respondi-lhe que não, que havia ficado em casa.

Assustado, ele confessou-me.

“Mas é que como eu não ouvi nada durante todo o fim de semana, pensei que você tivesse viajado ou algo assim".

Pois é. No mundo de hoje, as pessoas espantam-se com o sossego. Ao que me parece, a simples ausência de barulho as deixam desconfiadas. Acostumaram-se com o tumulto dos tempos modernos de tal jeito que simplesmente desaprenderam a escutar o silêncio. Neste mundo turbulento, somente o silêncio parece causar ainda um rumor.

As pessoas não sabem, mas o silêncio é a voz de Deus.

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