O COLECIONADOR
Restos de pensamento, gozo, tédio. Restos de tarde, noite, madrugada. Da manhã inteira guardo pouco, quase nada. Do umbigo, apenas o suficiente para um belo café, um piquenique a sós nos fundos do quintal da última casa da rua numa terça-feira sem luz. Dos lábios, um beijo azedo, repuxado. Do abraço, a pressão leve nas costas, a ponta dos dedos, o olhar estranhamente sereno. Do bêbado, o desprendimento, o cambalear sem dono. Do irmão, fração de conselho. Da mãe, a existência (do pai a mesma coisa). Do miserável, o reflexo.
É o que faço: há décadas coleciono coisas imprestáveis.
Restos de pensamento, gozo, tédio. Restos de tarde, noite, madrugada. Da manhã inteira guardo pouco, quase nada. Do umbigo, apenas o suficiente para um belo café, um piquenique a sós nos fundos do quintal da última casa da rua numa terça-feira sem luz. Dos lábios, um beijo azedo, repuxado. Do abraço, a pressão leve nas costas, a ponta dos dedos, o olhar estranhamente sereno. Do bêbado, o desprendimento, o cambalear sem dono. Do irmão, fração de conselho. Da mãe, a existência (do pai a mesma coisa). Do miserável, o reflexo.
É o que faço: há décadas coleciono coisas imprestáveis.
Um comentário:
Porra, bonito cara. Gostei.
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