quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O doce tormento da tecnologia

Depois de um Ano Novo ensolarado e cheirando a cloro de piscina em Natal, volto a tempo de escrever meu texto essa semana e escapar da pena capital. No início, o plano era postar aqui um texto de Ano Novo, mas esse acabou indo pro meu blog. Hoje à tarde e noite adentro, tive uma experiência inspiradora, tentando consertar a conexão com a Internet do meu computador.

Logo cedo, o telefonema do técnico dizendo que já havia trocado nossa placa-mãe, depois de uma facada de 200 e tantos reais, não me deixou eufórica. Experiências anteriores me ensinaram a não acreditar que o retorno do pc da assistência técnica é o fim dos meus problemas de informática. Desta vez, pra variar, o conhecimento prévio se confirmou: o computador ligava normalmente, mas não reconhecia que havia um modem conectado a ele. Meu pai saiu afobado pra buscar o técnico e trouxe José, um cara que alcançava meu ombro e trazia um cavanhaque amigável e correntes prateadas grossas, entrevistas pela camisa verde listrada que ele vestia, apesar de esta ser uns 4 números acima do seu e bater quase nos joelhos da calça jeans frouxa. Lutou com o discador por umas 2 horas, papeando com todos os atendentes do 0800 e com Wagner, o colega da loja que sacava de redes.

Então meu pai trouxe Wagner, que se parecia com José, só que 50 centímetros mais alto. Não era tão amigável, tinha dois celulares com ringtones de gosto duvidoso e não parava de atendê-los, nem quando estava falando com o atendimento da Velox em nosso telefone fixo. Fez uma verdadeira roleta-russa com nossas conexões, até conseguir uma senha provisória da Telemar e nos deixar, às 7 da noite, com o dever de casa de contatar o provedor em busca de nossa senha perdida, coisa que só consegui depois de um jantar indigesto e um certo telefonema tranqüilizador no meu celular.

Enquanto travava essas pequenas batalhas, não parava de remoer a sensação de impotência que sinto toda vez que preciso dos serviços de um técnico de informática. Não posso impedi-los de agirem com má-fé para lucrarem mais, não faço idéia do que eles estão falando ou fazendo e não há nem mesmo como ter certeza de que, ao final, vão me devolver minha máquina inteirinha depois de uns remendos. O mais provável é mesmo que a devolvam necessitando de remendos novos.

É o velho dilema da nossa sociedade especializada, tão complexa, que é impossível entender de tudo satisfatoriamente. Quem entende do que você precisa, seja ele um médico, um mecânico, um técnico de informática ou um professor de Física, ganha, enquanto tem utilidade, um poder inquestionável de decisão sobre sua rotina.

Um comentário:

Anônimo disse...

"todo leigo é refém de um técnico"
com o que a telemar me sacaneou e continua sacaneando dava pra fazer uns 3 ou 4 filmes pornôs.
e gostei mto do último parágrafo =D