sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Latindo para Jesus

Não quero comentar nada – ao menos não agora. Vou dar o serviço e ir almoçar. Quando voltar, se não tiver nada melhor pra fazer, digo qualquer coisa. Portanto, tratem de ler e, na medida do possível, se divertir. Sobretudo com o texto da missa celebrada em latim, publicado na piauí de dezembro.

Antes, porém, dois trechinhos extraídos de Concidadania, coluna assinada por Valdemar Menezes no O Povo. Os trechos, adianto, não têm qualquer relação entre si. O primeiro trata da famigerada Operação Condor e o segundo... Bom, leiam, caríssimos, que já estou com bastante fome.



OPERAÇÃO CONDOR

O pedido de prisão de vários brasileiros, inclusive alguns generais, acusados de participar da Operação Condor (responsável pela captura, tortura e assassinato de militantes políticos de esquerda que combatiam as ditaduras do Continente, na década de 70) feito pelo Ministério Público italiano, provavelmente não dará em nada, devido às leis brasileiras, que proíbem a extradição de patrícios. Contudo, os acusados que ainda estiverem vivos vão ter de pensar duas vezes antes de se arriscarem a fazer alguma viagem ao Exterior. O caso Pinochet ainda está na memória. O ex-ditador ainda amargou uns dias de prisão na Inglaterra. Escapou, mas sua vida se transformou num inferno, daí para frente. A tendência é que crimes contra os direitos humanos, além de imprescritíveis, não fiquem cingidos à jurisdição nacional de cada país, mas aos tribunais penais internacionais.


Na mesma coluna, que se divide em tópicos ou rápidos comentários, lê-se:


Nos últimos tempos, o cardeal [dom Aloísio Lorscheider] via claro que se deveria, desde o início, ter permitido a continuação da antiga liturgia, em Latim, e no rito de São Pio V para os que quisessem.

O bom vem agora:

RESISTÊNCIA HERÓICA

Desde esse ponto de vista - digo eu - e com o distanciamento que o tempo histórico permite, deve-se louvar a resistência dos que se mantiveram fiéis à Tradição e têm sofrido um verdadeiro martírio por causa disso. Não é brincadeira nadar contra a corrente. Graças a essa resistência não só o papa Bento XVI permitiu a volta do antigo rito romano - preservando um patrimônio litúrgico que estava sendo jogado no lixo da História - mas está reafirmando a doutrina tradicional da Igreja, desfazendo muitos equívocos surgidos nos últimos 40 anos. A propósito, no seu livro Sal da Terra (pág.141), comentando as justificativas de algumas correntes contra o uso do Latim, sob a alegação de que o povo precisa compreender tudo o que o celebrante diz, ele explica: "Na nossa reforma litúrgica há uma tendência, a meu ver errada, que visa à 'inculturação' total da liturgia no mundo moderno. Deve, portanto, tornar-se ainda mais curta; e tudo o que é supostamente incompreensível deve ser retirado. Mas desse modo não se compreende a essência da liturgia e da celebração litúrgica. Porque na liturgia não se compreende simplesmente de modo racional, assim como se compreende um discurso, mas de modo complexo através de todos os sentidos e do fato de ser envolvido numa celebração, que não foi inventada por nenhuma comissão (litúrgica), mas que vem, por assim dizer, do fundo dos séculos, e em última análise, da eternidade até mim."


EM TEMPO: peço desculpas pela confusão com as imagens. Vou deixar como estão, uma ocupando o lugar da outra no texto.

Um comentário:

Débora Medeiros disse...

Essa questão das missas em latim é cabulosa... Confesso que até tenho curiosidade pra assistir a uma, mas não acho que devam ser a regra. E não duvido que a tendência seja essa, pelas afirmações do papa: dentro de alguns anos, as missas em outros idiomas é que podem ser abolidas de vez.

O Concílio Vaticano tomou uma decisão muito acertada ao aproximar as celebrações dos povos, através de suas línguas pátrias. Já imaginou, em pleno século XXI, uma fé que não fala sua língua e em cujos ritos o celebrante passa o tempo inteiro de costas pra você? O Humanismo já é uma velha inovação em nossos tempos, o homem sabe que sua relação com Deus não precisa ser de escravo-Senhor, como nas párabolas. Um retorno do conservadorismo só vai afastar mais ainda os fiéis.

Essa história de "uma fé pura para poucos" me parece mais desculpa de quem não sabe como mudar pra melhor que qualquer outra coisa...