sábado, 22 de dezembro de 2007

Joelma versus Billie Holiday


Escrevo essas linhas regulado pela cadência melancólica do violão de Baden Powell. E me vem a pergunta: o que é boa música?

Música se faz para a alma. É a maquiagem do espírito. Sobre a superfície plana e sem graça chamada comumente de “vida”, ela, a música, vem preencher a tela da nossa vã mediocridade com suas formas abstratas, mesmo que a faça com cores negras (aqui, sem medo de soar incorreto politicamente. Aos que se sentirem atingidos, advirto-lhes que meus advogados já estão a postos e garanto-lhes que são fartamente remunerados).

Falou-se aí em Djavan, Aviões do Forró e David Duarte. Eu, por mim, enterraria todos eles vivos, para que sentissem, lentamente, as carnes serem corroídas pelos vermes. Mas como sou um sujeito deveras tolerante, apenas os troco por Baden Powell e sigo minha vida, pagando meus impostos ao Governo, tal qual um carneirinho dirigindo-se ao matadouro.

Mas os tempos exigem que sejamos condescendentes à música ruim e caso algum de vocês, ingênuos leitores, amontoem coragem suficiente para gritar à praça pública em alto e bom tom: “Jesus, Djavan é uma merda!”, logo serão vistos como um bando de reacionários imbecis, assim como é visto por alguns setores da sociedade acadêmica cearense o nosso companheiro Bruno Direita Jagger. Aliás, diga-se de passagem, o jovem citado tem gosto musical assaz duvidoso, vez que 1) considera Rolling Stones melhor que Bob Dylan – melhor não faríamos se comparássemos a Joelma do Calypso à Billie Holiday; 2) parece ter forte apego à música (?) produzida nos anos 80 - a pior década no âmbito musical do século XX.

Um comentário:

Débora Medeiros disse...

Ah, os anos 80 trouxeram The Cure, Smiths... Anos 90 me parecem bem piores, a era das boy bands e da axé music! :p

E, cara, os últimos trabalhos do Djavan tão uma merda mesmo! Parece que a obra dele se resume a meia dúzia de hits (muitos com letras duvidosas) repetidos e remixados à exautão. Foi um exemplo infeliz. Ou não :p