segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Fortaleza de mazelas (1 e meio)

Estava preparando texto pra esse blogue há uma semana (estive também ocupada com outras atividades: bolsista não tem férias)... Mas outros acontecimentos me puxaram a atenção. Neste sábado, cheguei em casa feliz e distraída e me assustei com as notícias do dia.

Arrastão e morte no Centro de Fortaleza
Às vésperas do dia de Natal, moradores de Fortaleza viveram um dia infernal na área do Centro, neste sábado, com incêndio pela manhã, e à tarde, arrastão, pânico e morte.

Vejam aí as palavras: inferno, incêndio, pânico, morte. A coisa não foi nada simples.

Confesso que me deu vontade de ter visto de perto. De estar lá, não pra ser atropelada pela correria ou pra sentir o desespero com mais emoção. Queria ter visto e sentido como foi esse acontecimento - e não digo como se achasse que foi tudo uma atração. Queria ter visto de perto pra entender direito... (Suspiro e me respondo que isso é "espírito de jornalista" - espero ter algum, ainda não tenho certeza).

Deram destaque à fotogaleria do portal, junto da manchete. De 14 fotos, 4 estampando rostos desesperados, de crianças também, e as restantes enfocando a ação policial. Perguntei-me: será que essas pessoas autorizaram essas fotos?

Por pior que tenha sido, esse fato está mexendo em muita coisa na cidade. As pessoas estão discutindo políticas de segurança pública, finalmente pensando a sério sobre a Ronda do Quarteirão... Que antes era a grande proposta salvadora da segurança pública no estado, e agora é falada como um belo fracasso em fardas caras e veículos superpoderosos. Até agora, a maior decepção do povo com o governador Cid Gomes.

Marcos Cavalcante, repórter do núcleo de Cotidiano do jornal O Povo, escreveu uma nota de quem viu a ação não a trabalho, mas como cidadão, sem no entanto se deixar atordoar como a maioria. Recomendo. Ele diz: "Talvez as histórias sejam boato. Talvez o boato é que haja segurança no Centro."

2 comentários:

Anônimo disse...

"um belo fracasso em fardas caras e veículos superpoderosos"
uma frase muito forte pra quem vê toda história do lado de fora...só quem está nas ruas com a testa suada e longe da familia sabe o verdadeiro valor do RONDA...n é a farda nova ou a viatura cara...é o material humano contido nesse programa...é a esperança de um ceará melhor...de um estado mais seguro e mais digno...e nós,soldados do RONDA,vamos conseguir isso...pode ter certeza...

Débora Medeiros disse...

Pense num soldado corajoso, que nem na Internet se identifica! Cara, espero que você esteja certo. Mas, por enquanto, o Ronda só pode ser encarado com ceticismo.

Roberta, gostei do texto. Quando li a notícia no portal dO Povo, achei-a carregada de um sensacionalismo superficial, com muita ênfase no medo compreensível das pessoas (que tinha de ser mencionado) e poucas menções às conseqüências do acontecimento. Que bom que mais alguém notou!