quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

“Bom, até aqui, tá tudo bem..."

O diabo leve este blog, assim como todos os outros também. Zombar de blog e blogueiros já não tem mais a mesma graça dos tempos de outrora. Há dez anos talvez fizesse ainda algum sentido falar impropérios a respeito dessa raça maldita, mas, hoje, basta encostar duas ou três pessoas num ponto de ônibus qualquer e elas logo começam a xingar a categoria. É como falar mal do PT, quase ninguém mais tem tesão para fazer a coisa. Eu mesmo, quando me pedem opinião sobre alguma trapalhada do PT, nem termos mais tenho para escarnecer o partido. Digo apenas. "Pois é, é o PT né...".


Mas eis-me aqui, escrevendo para um blog. E pior, meus camaradas: um blog coletivo. Posso ser mais universitário consciente e doidão que isso? Não, né? Procuro e não encontro motivo algum para escrever neste blog, a não ser, claro, o fato de que fui gentilmente convidado pelo camarada Henrique Araújo para fazer parte da equipe, que conta ainda com a participação de Débora Medeiros, Yuri e do intragável Bruno Direita Jagger. Este último, senhoras e senhores, não passa de um jovem petulante e imoral, que pensa que o caminho para o conhecimento é aberto a golpes de arrogância.


Nutro certas esperanças de que este blog não passe de uma caricatura bizarra do que jamais poderia ter sido um dia. Entretanto, pegam-me em contradição. "Haha, viraste blogueiro". Sim, é verdade, porém, não sei se vocês sabem, eu tenho o estranho hábito de fazer coisas das quais depois venho a sentir forte repulsa. E as faço de modo deliberado. Escrevo essas linhas e mal acabo de rascunha-las, vem-me uma aversão a mim mesmo, de modo que a cada letra escrita maior é o meu desagrado interno. Alguém sensato cortaria o mal pela raiz, simplesmente parando de escrevê-las. Como sou um organismo estranho, continuo caminhando e cantando e seguindo a canção...


Todavia, como conforto e consolação, tenho a presença dos companheiros deste blog, presença essa que muito me agrada, e uma sensação de que por mais que eu esteja tomando um caminho errado, nada poderá ser tão trágico assim. É como aquela história do sujeito que pulou do vigésimo quarto andar de um prédio e refletiu otimista, durante a queda, enquanto passava do quarto para o terceiro andar. “Bom, até aqui, tá tudo bem...”. Escrevo para um blog coletivo e isso é ruim, sem dúvida. Será trágico? Não sei, mas posso garantir-lhes que, até aqui, o pulso ainda pulsa.

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