A notícia percorreu o Campus do Benfica como um calafrio: Ícaro de Sousa Moreira, reitor da UFC, havia sido encontrado morto em sua casa, vítima de um ataque cardíaco fulminante na madrugada daquela mesma quinta-feira, 17. Mulher e filhos viajavam, não se sabe quem o encontrou. Conta-se que, na Reitoria, sua ausência causava estranhamento, que virou consternação por volta das 14h. Às 17h, a notícia de seu falecimento abria as portas das salas de aula do Centro de Humanidades 2.
Era surreal. Mesmo entre os que estavam há mais tempo na universidade, poucos haviam vivido uma morte de reitor. Assim, não existia um protocolo claro a seguir. Ninguém sabia se era apropriado contar piadas de oposição até contá-las - e ver que elas não se dissolviam na atmosfera do luto, como o óleo não se mistura à água. Mereceu o benefício da dúvida pensar em questões práticas, se os 3 dias de luto oficial eram contínuos ou não, se haveria aula, se a V Semana de Humanidades prosseguiria na terça-feira: a vida continua. Alguns comemoraram o falecimento do reitor, numa clara demonstração de cruel imaturidade. Outros o transformaram em homem santo, numa clara demonstração de hipocrisia.
Para mim, foi uma questão de humanidade. Antes de reitor, professor, pesquisador, Ícaro Moreira foi um ser humano, que construiu uma história única, constituiu família, atou laços de amizade. Neste momento, não importa o que penso de sua gestão, suas idéias, sua postura política. Importa me solidarizar com sua família e amigos, não pela posição que ocupava na universidade, mas pelo lugar que tinha nos afetos de cada um que com ele conviveu. A todos, meus sentimentos.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
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