quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Em terra de podridão, mais ou menos sujo é rei


Sem alarde, Renan Calheiros renunciou à Presidência do Senado pra poder voltar em alguns anos, apesar dos negócios escusos com uma cervejaria, dos laranjas que mal escondem sua propriedade sobre rádios, do lobista que paga a pensão por ele... ou, quem sabe, por causa disso tudo mesmo.

Sem alarde, o potiguar Garibaldi Alves o substituiu. Garibaldi foi o único candidato e venceu por 68 votos a favor sobre duas abstenções e oito votos contrários: quase um consenso, como foi um consenso que o PMDB devia tradicionalmente indicar o próximo presidente da Casa, mesmo não sendo a regra.

Enquanto foi governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi não precisou de campanhas colossais para se eleger e reeleger, nem para ascender ao Senado em 2002. Mas, nas eleições daquele ano em particular, Garibaldi precisou, isso sim, de uma ajudinha dos cofres públicos. Quatro promotores da Defesa do Patrimônio Público de Natal (RN) estão investigando a denúncia do desvio de R$ 210 mil pertencentes à Secretaria de Defesa Social para pagar despesas da campanha conjunta de Garibaldi e seu vice no Governo Estadual, Fernando Freire. Garibaldi concorreu e se elegeu senador, mas Freire não chegou a governador. Independente do resultado, R$ 210 mil reais saíram da Secretaria, passaram por uma empresa de informática chamada Microtec e desaguaram nas contas de 17 pessoas ligadas à Polis Propaganda e Publicidade, agência responsável pela campanha dos dois pemedebistas.

O que fez Garibaldi virar presidente do Senado foi o fato de, entre os nomes mais fortes de seu partido, o dele ser o menos sujo. Não havia nenhum (no mínimo, aparentemente) limpo - pelo menos, não que não fosse desafeto do governo Lula. O potiguar diz querer "participar da árdua missão de devolver ao Senado toda a credibilidade frente ao país". Em outras palavras, limpar a Casa. Como ele vai fazer isso, se não tem nem as próprias mãos limpas, é outra história, que não cabe contar nos solenes discursos de posse.

Um comentário:

Wanderley Neves disse...

Essa questão do PMDB indicar o presidente não é a regra, mas uma tradição da Casa. Ele tem a maior bancada, tem "direito" à presidência.

Já quanto ao Garibaldi em si: Ele é ridículo! Pelo amor de Deus, como é que elegem uma porqueira dessas presidente do Congresso Nacional? O homem não sabe nem falar...
Durante a votação da CPMF, ele falava cada merda que só vendo!

Brasil-sil-sil!