Decerto, não há nada mais absurdamente miserável e melancólico do que remeter-nos à ocasião do enterro de Wolfgang Amadeu Mozart, o grande compositor erudito. Mozart morreu pobre e, abandonado, teve seu corpo enterrado em uma vala comum. Não havia uma viva alma para prestar-lhe as últimas homenagens quando, no cemitério, seu corpo sumiu embaixo de terra e lama, uma vez que chovia na circunstância. Uma chuvinha fina, porém melancólica e persistente. O coveiro que o enterrou, muito provavelmente, não fazia idéia da dimensão da alma que aquele corpo encerrou. Enterrou-o como o fizera com tantos outros indigentes naquele dia, e no anterior, e no anterior.
Se eu lá estivesse, Mozart, dir-te-ia, ao pé da cova, as seguintes palavras, as mesmas que gostaria ouvir, eu próprio, no dia de minha morte.
Eu sofria honestamente por um sofrimento que ninguém podia adivinhar; eu tinha sido humilhado, e estava, a bem dizer, ainda sendo, eu andei sujo e imundo, mas eu sentia que interiormente eu resplandecia de bondade, de sonho de atingir a verdade, do amor pelos outros, de arrependimento dos meus erros e um desejo imenso de contribuir para que os outros fossem mais felizes do que eu, e procurava e sondava os mistérios da nossa natureza moral, uma vontade de descobrir nos nossos defeitos o seu núcleo primitivo de amor e de bondade.
Um comentário:
Coitado do Mozart! É um dos meus músicos prediletos!=/ Não sabia que assim tinha sido o fim dele! Espero que o nosso não seja tão ínfimo, ainda que não tão sejamos futuros Mozart!*.*
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