terça-feira, 3 de junho de 2008

pensamentos soltos


1)
Marcos López, "Roast in Mendiolaza" (2001)

Estamos na droga pós-moderna. Pós-moderno, Hipermodernidade, Contemporâneo, AlémModerno, chame o que for, essa é a época do vale-tudo salve-se quem puder porralouca . E ninguém vai conseguir nos entender. Talvez o grande problema esteja no modo como a gente olha pra essa época, sempre comparando com outras. Talvez o ponto-chave pra olhar isso tudo esteja na nossa mentalidade, que não conseguiu acompanhar um século de mudanças absurdas, e que provavelmente não acompanhará mais outro século de mudanças extraordinárias...

Has the light gone out for you? Because the light's gone for me It is the 21st century It is the 21st century
- "Bodysnatchers", Radiohead.

... acompanhar essas coisas exige um esforço tão grande.
Sinceramente,
eu penso se lá no fim do século XIX os estudantes e acadêmicos entravam em tamanha aflição só de pensar na modernidade que chegava.

...

Certamente, eles estavam muito intrigados com todo o crescimento urbano e o surgimento das massas...


2)
O ninho gigante de Benjamin Verdonck , em Rotterdam.

As cidades cresceram. Muito. No entanto, muitos espaços foram construídos a consumo mesmo, sem terem acompanhado todo o avanço histórico do seu arredor. São espaços padronizados, sem idiossincrasias, que poderiam ser encontrados da mesma forma em Fortaleza, Pequim, Paris ou Cairo. Me refiro aos não-lugares: sem marcas históricas fortes, não ocupados, deliciosamente prontos para qualquer pessoa se apoderar. Explicitamente: shoppings, metrôs, aeroportos, condomínios, super-mercados...
Novas gerações adoram não-lugares. Amam.
Isso é bom? Ruim?
Não sei.
Mas as novas gerações estão começando a ocupar esses não-lugares, dando-lhes cargas de identidade, transformando-os em lugares.
Onde isso vai dar?
Eu não faço a mínima idéia!

3)

Resist, de Heidi Kumao (2002)

Uma tendência das relações e práticas simbólicas é a imaterialidade, entre a abstração e a fuga de uma realidade convencionada. As ruas não são mais nossas. Os monumentos não são mais necessários. Todas as formas de poder agora não são mais fixas, nem físicas. São abstrações, imagens puras, conceitos - quando não, se ainda demonstram resistência em manifestar-se fisicamente, são fortemente atrelados à elementos puramente imateriais.
Além disso, estamos caindo na bobagem de não termos mais práticas simbólicas. Indo para a imaterialidade, nossas ações estão se transformando em atuação.
Eu não estou agindo feito cidadão: eu atuo feito cidadão quando me é confortável. É um exemplo.
Pouco a pouco as mediações entre as pessoas não são feitas mais nas ruas, por conversas, por encontros. A massa se comunica através da televisão, do jornal, de sms, da internet... Saltamos de mediações físicas ou presenciais para mediações abstratas, à distância. É outro exemplo.

Existem certos elementos que resistem contra essa tendência. Um exemplo seria a fotografia. A foto é o registro de algo que aconteceu na frente da lente da câmera e foi documentado sobre um suporte físico. Para alguns, a fotografia carrega um realismo intrínseco em sua natureza.
Mas,
essa coisa da imaterialidade conseguiu tapear a Fotografia. Veio a fotografia digital e vamos ao encontro de uma imagem construída pela abstração. Fotos digitais não são nada mais do que números e equações (abstrações) de luz, outrora convertida em impulsos elétricos, refletida de algo que estava diante das lentes. Virou abstração.

Maravilha!
Quem é que pode contra a pós-modernidade?

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